O Empoderamento da Mulher


  

A questão feminina tem sido tema de vários questionamentos em todos os setores da sociedade. Muitas são as mulheres que se ocupam deste tema, que sempre aponta para a diferença que a sociedade patriarcal nos impôs, e que nos desfavorece em vários aspectos da vida. A questão feminina não pode ser analisada sem se levar em conta a complementariedade com a questão masculina na sociedade. O homem e a mulher precisam repensar sua condição na sociedade, no casamento e na família, para que a reformulação do papel e da imagem de ambos possa se dar. Assim, temos que repensar a questão da mulher e a questão do homem.

Sempre que abordamos a questão feminina, abordamos a inferioridade de condições às quais a mulher está submetida.

Fala-se que:

• a remuneração da mulher é mais baixa

• o volume de trabalho da mulher é maior

• a divisão de responsabilidade é desigual

• os direitos da mulher ainda não foram conquistados na integridade, etc.

Durante muito tempo compartilhou-se a visão de que homens e mulheres são diferentes entre si e que as diferenças que a sociedade impôs eram naturais. Assim, a mulher durante séculos ficou numa condição inferior ao homem, como se este fosse o processo natural de definição de seu lugar no mundo. Homens e mulheres compartilhavam desta visão, de que o homem é superior, tem mais poder, é o que manda, e que a mulher se adapta a esta condição, tendo menos poder, menos condições de se virar sozinha, menos conhecimento.

A diferença de direitos era ignorada e homens e mulheres durante séculos estiveram de acordo com estas diferenças.

Um dos maiores problemas que advêm desta divisão fixa de papéis, é que os gêneros assumiram as diferenças como naturais, biológicas, e a mulher se adaptou a este lugar na sociedade, interiorizando uma imagem de si de inferioridade e dependência, e o homem a imagem de desempenho e sucesso, num mundo em que ele tem que competir com os outros permanentemente para ganhar.

O maior exemplo da interiorização das diferenças se dá na questão da violência contra a mulher. Em muitos casos de violência, o homem vê como natural que ele apele para a violência física quando tenta convencer sua mulher de seus pontos de vista e ela não os aceita. E a mulher, em muitos casos, ao se considerar como naturalmente inferior, por mais que sofra e se revolte, não se vê na condição de sair da posição de vítima destas diferenças.

Esta interiorização das diferenças é tão forte, portanto, que a imagem de si que tanto o homem quanto a mulher fazem, desafia a realidade. Ter tornado esta imagem fixa dentro de cada um de nós cria uma distorção da realidade tão grande, que faz com que as mudanças sejam muito mais lentas do que gostaríamos que fossem.

O empoderamento da mulher pressupõe mudança nestas premissas de gênero.

A mulher tem experimentado um acúmulo de papéis muito maior do que imaginava que iria viver após sua liberação na sociedade moderna. Desde que entrou para valer no mercado de trabalho, e vem enfrentando os desafios de sua profissionalização, acumula mais e mais funções dentro e fora da família. Este acúmulo faz com que ela trabalhe mais do que o homem, enfrente uma multiplicidade de afazeres, continue educando seus filhos, e se torne cada vez mais forte e resistente. Entretanto, a mulher faz e faz, mas não consegue do homem que ele faça sua parte na mesma medida. Por quê?

Porque ela ainda se vê na condição de responsável por cuidar da família e cuidar do marido, sustentando uma imagem tradicional de si mesma, ao mesmo tempo em que vivencia uma realidade bem diferente no trabalho. A autoimagem da mulher continua parecida com a de antes, e ela própria se submete ao que a tradição de seu gênero pressupunha.

O empoderamento da mulher passa, portanto, por uma transformação no conceito que ela tem dela mesma, em sua autoestima.

A autoestima é o valor que damos a nós, o respeito por nosso ser, o sentimento de que podemos ser amados, e de que somos dignos do amor do outro e de nós por nós mesmos. Autoestima define quem somos, perante nós mesmos, e como participaremos do mundo que nos rodeia.

Se uma mulher tem baixa estima, espera pouco de si e dos outros. Ela pensa que primeiro deve servir ao outro, e se coloca por último na busca de satisfação de suas necessidades. Ela pode escolher um parceiro que não a respeita, por pressupor que não precisa ser respeitada. Ela não tem consciência disto, o que é o pior dos fatores que a oprimem.

A pior opressão é a que vem de dentro do ser humano. É aquela que a própria pessoa se impõe, após ter sido oprimida pelo outro durante seu processo de desenvolvimento. É a opressão que a pessoa coloca para dentro e depois atua policiando a si mesma, desconhecendo que interiorizou a repressão.

A mulher interiorizou esta repressão e seu processo de inferiorização é histórico. O resultado é sua baixa autoestima, que a coloca como servidora do outro, e a faz sabotar seu potencial.

Recriar uma identidade de indivíduo é ser capaz, portanto:

• de respeitar-se e ser respeitada,

• de valorizar-se e ser valorizada,

• de cuidar sem ser servil,

• de cooperar sem ser submissa.

A construção da autoestima é o caminho para a mulher reformular sua questão de poder, de dentro para fora. Não adianta conquistar poder na sociedade, se a mulher continuar a ser a única cuidadora dentro da família e interiorizar esta função.

Empoderamento significa a mulher apropriar-se de seu direito de existir na sociedade.

Para empoderar-se ela precisa reconhecer-se neste direito. Sua estima é a base de tudo. Luta por seus direitos quem os reconhece, mas acima de tudo quem se reconhece como digno deles.

O empoderamento da mulher passa por vários caminhos: na sociedade, pelo conhecimento dos direitos da mulher, pela sua inclusão social, instrução, profissionalização, consciência da cidadania.

No plano familiar, o empoderamento passa pela justa divisão de responsabilidades com o cônjuge (financeira e doméstica), pela educação igualitária dos meninos e meninas, fazendo que ambos sejam responsáveis pelas tarefas domésticas e pela preocupação com a família, tanto quanto com a subsistência e a profissionalização.

No plano conjugal/relacional, o empoderamento da mulher passa pela responsabilização conjunta pela anticoncepção, pelo respeito à integridade e à dignidade da mulher enquanto ser humano (impedindo assim a violência ).

No plano individual, o empoderamento passa pela reformulação profunda da identidade da mulher, que precisa conhecer a si própria como digna de reconhecimento e valorização.

Este é o ponto de partida!
Psicóloga Rosana Ferrari – CRP 08/0501
Coordenação do INTERCEF – Instituto de Terapia e Centro de Estudos da Família

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