A Cor do Paraíso

Mohammad (Mohsen Ramezani) é uma criança que mesmo privada da visão contempla as belezas do mundo. O garoto se sensibiliza com coisas que passam despercebidas por quase todo mundo; um exemplo é a cena de um passarinho que cai do ninho. O cineasta Majid Majidi explora o belo por meio de uma esplêndida fotografia. A câmera, nesse e em muitos outros momentos, representa os sentidos e a idealização existencial de Mohammad, e evoca mais do que a beleza física do cenário natural ao potencializar os sons da natureza e transportar o espectador para uma representação particular de paraíso.

No mesmo contexto, está Hashem, (Hossein Mahjoub), um pai que se tornara infeliz e melancólico após a morte da mulher, restando-lhe apenas cuidar do filho deficiente visual; algo que o personagem encara como uma penitência. A figura paterna, presa a um universo lúgubre e estático, algo representado pelas tomadas com a câmera parada, é fria e individualista; uma crua metáfora da hipocrisia em uma sociedade arbitrária. Exemplo disso é a decisão do personagem em se casar com uma jovem mulher e entregar o filho a um carpinteiro cego de quem deve tornar-se ajudante. Pai e filho vivem realidades distintas que aos poucos se afunilam, tornando-se cada vez mais conflitantes.

O Projeto Mais Cinema é gratuito e oferece pipoca e refrigerante para o público. Ao final de cada exibição, o jornalista David Arioch faz uma análise do filme e inicia o debate. O projeto tem apoio da Abdallah Produções, Refrigerantes Garoto e Juan Carlos Saavedra (Comunicação e Webdesign).