Farinelli

Em “Farinelli”, Gérard Corbiau apresenta a história do cantor italiano Carlo Broschi, mais conhecido como Farinelli, que na fase adulta conquistou uma tessitura de voz inigualável, jamais alcançada por outro cantor de ópera; inclusive especula-se que Farinelli cantava até 250 notas mantendo o mesmo fôlego.

O filme de Corbiau felizmente evita clichês - não trata apenas da glória, fama e riqueza gerada por um dom genial, vai muito além, transfere também o espectador para um universo barroco de sofrimento, desprezo e expiação. Farinelli podia ser comparado a um semideus pela voz angelical de soprano, mas ainda assim era tão humano quanto qualquer um, com falhas e fraquezas. É justamente nisso que subsiste todo o preciosismo da obra do cineasta belga que não se limita apenas a relatar a história de Farinelli, mas também cria inúmeras controvérsias sobre o passado pouco conhecido do cantor.

O filme mostra também como Farinelli, embora plebeu, foi revolucionário, fazendo a nobreza inclinar-se diante de si; um fato que depois se contrapõe a outro – o desprezo aos cantores castrati que ao perderem força junto a arte europeia passaram a ser vistos como meio homens na ótica social da época. No mais, “Farinelli” é uma metáfora do trinômio céu, limbo e inferno que tem ao fundo temas musicais inesquecíveis de Porpora, Pergolesi, Hasse e o mais emblemático de todos - Händel.

O Projeto Mais Cinema é gratuito e oferece pipoca e refrigerante para o público. Ao final de cada exibição, o jornalista David Arioch faz uma análise do filme e inicia o debate. O projeto tem apoio da Abdallah Produções, Refrigerantes Garoto e Juan Carlos Saavedra (Comunicação e Webdesign).

A Censura é de 16 anos.