Começa erradicação da planta que pode prejudicar a citricultura no Noroeste


  

Paranavaí iniciou nesta terça-feira (4) a erradicação da planta que representa uma grande ameaça ao futuro da citricultura na Região Noroeste do Paraná. A erradicação está prevista em decreto do prefeito Maurício Yamakawa, visando proteger os laranjais, que constituem uma das mais importantes fontes geradoras de trabalho e renda na região. O início aconteceu na Avenida Tancredo Neves, com a presença de autoridades e lideranças. A bactéria contida na planta ornamental murta é considerada a pior doença dos citros em todo o mundo.

Gilberto Pratinha, produtor que mantém 800 alqueires de laranja na região, diz que a erradicação da murta é o único caminho seguro e, por isso, a medida do prefeito é acertada. Lembra que 98% da população do inseto que leva a doença para os laranjais, preferem a murta. Portanto, com o fim dessas plantas, eles deixam de se proliferar durante todo o ano. Na murta não há controle, ao contrário do que acontece nos laranjais, que têm acompanhamento de técnicos e aplicação de defensivos. Por outro lado, quando a doença surge numa planta, é imediatamente extirpada pela eliminação da laranjeira infectada, o que não acontece no caso da murta. Pratinha lembrou que há registro da doença (greening) em duas amostras de murta coletadas na região, sendo uma em Paranavaí e outra em Guairaçá. Essa constatação reforça a situação de risco, analisa.

O risco é real, como constatou em São Paulo o engenheiro agrônomo Sérgio Vilela Lemos, que trabalhava naquele estado quando a doença chegou. Até hoje milhões de pés de laranjas foram erradicados na região paulista. Uma contaminação desse porte inviabilizaria a citricultura na região de Paranavaí, que possui pouco mais de três milhões de plantas. Para ele, a única maneira de impedir o prejuízo é fazer cuidadosa inspeção no pomar e controlar o vetor (inseto transmissor). No caso, erradicar a Murta é uma necessidade.

Preocupação é também a palavra utilizada pela engenheira agrônoma da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Sônia Vicentini. Ele lembra que trata-se da doença mais agressiva em todo o mundo. Sônia sugere três medidas para impedir o contágio: primeiro, utilizar apenas mudas certificadas, de boa procedência, independente do tamanho do plantio de laranjas que se pretenda fazer. A segunda é erradicar a murta, pois ela hospeda a bactéria disseminada pelo inseto transmissor. O terceiro passo é erradicar as plantas doentes nos pomares. Um diagnóstico precoce é fundamental para conter o avanço da bactéria. Não há cura para o greening.

Produtor de laranjas com 70 alqueires e com intenção firmada para expansão, Gal Fernandes é outra liderança que mostra preocupação. Para ele é possível enfrentar a doença com zoneamento e trabalho. Fazendo um paralelo, o produtor avalia que o greening é pior do que a febre aftosa bovina. Ele se recorda do abalo econômico por conta da notícia de foco da aftosa no ano passado e acredita que um surto de greening poderia ter repercussão ainda maior na economia local. Gal Fernandes pede a colaboração das pessoas para erradicar a planta que hospeda a bactéria.

Produtor rural com 80 alqueires de laranjas, José Trevisan também aposta na consciência da população. Ele entende que há uma ameaça de prejuízo à citricultura, o que justifica o engajamento da comunidade. Lembra da importância da citricultura, já que Paranavaí possui duas das três indústrias de suco concentrado do Paraná.

A doença – A erradicação da planta ornamental Murta (Murraya Paniculata), muito utilizada em jardins e também como cerca viva, foi determinada pelo prefeito Maurício Yamakawa por decreto na última sexta-feira. Foi uma medida preventiva que se mostra cada vez mais necessária. Ela vem acompanhada de um projeto de lei que estabelece multa de R$ 200,00 para quem não erradicar a planta em 30 dias. A murta é hospedeira de uma bactéria (Candidatus liberibacter) que “ataca” plantas cítricas, causando a doença chamada Greening ou Huanglongbing (HLB). A transmissão se dá por um inseto (Diaphorina Citri) que suga a seiva da murta e de cítricos. Com isso, acaba espalhando a bactéria de eventuais plantas doentes para as plantas saudáveis.

O decreto do prefeito prevê a erradicação das unidades existentes, proíbe o plantio, o comércio, transporte e produção de novas plantas. A murta não é uma planta da flora brasileira.

Fonte: Departamento de Imprensa - Prefeitura do Município de Paranavaí
http://www.paranavai.pr.gov.br/modules/news/article.php?storyid=1690






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