Chab é acusado de oferecer R$ 200 mil para prejudicar imagem da Polícia Civil


  

O jornalista, radialista e ex-deputado estadual Ricardo Chab foi preso, na noite de quinta-feira (29), por policiais civis do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), por porte ilegal de armas.

A prisão aconteceu depois de investigação que, segundo a polícia, demonstrou que Chab teria oferecido R$ 200 mil, para uma candidata à vereadora da cidade de Pinhais Licélia Rodrigues da Cruz, 31 anos, para fazer falsas acusações que incriminassem o delegado Marcus Vinícius Michelotto, da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas (DEDC).

Essa seria uma tentativa de prejudicar e descaracterizar o trabalho feito pela delegacia, na prisão do apresentador por extorsão a uma empresa de vigilância eletrônica. “A Polícia Civil completa 200 anos no Brasil e vem mostrando um trabalho sério e sempre procura respeitar outras instituições. Causa indignação a todos os delegados este tipo de atitude difamatória. Isto acontece principalmente contra os delegados da linha de frente, mas também atinge toda a corporação”, disse o delegado-chefe da Polícia Civil, Jorge Azôr Pinto.

O esquema começou a ser descoberto durante as investigações a uma quadrilha de roubo de cargas que foi presa na quinta-feira (29). “Tínhamos a informação que Licélia estaria tentando vender uma carga de alimentos que teria sido roubada pela quadrilha há cerca de três meses”, contou Michelotto. No entanto, segundo o delegado, durante as investigações, os policiais da DEDC souberam que Licélia acusava Michelotto de ter liberado um preso depois de receber R$ 12 mil.

“Ela estaria ligando para pessoas influentes em Pinhais, contando mentiras a meu respeito, gravando estas ligações, que seriam encaminhadas para o Chab. Assim que soube, encaminhei o assunto à Corregedoria da Polícia Civil e também ao secretário Delazari. Até então eu nem imaginava o envolvimento do apresentador em toda a trama”, acrescentou o delegado.

MANDADO – Com os mandados de prisão expedidos pela Vara de Inquéritos Policiais, através do juiz Pedro Sanson Corat, a quadrilha foi presa quinta-feira e uma equipe da Corregedoria da Polícia Civil fez a prisão de Licélia, que estaria envolvida com a quadrilha vendendo mercadoria roubada.

Em depoimento aos corregedores e acompanhado pelo Ministério Público Estadual, a candidata confessou aos policiais que teria recebido a oferta de Ricardo Chab para denegrir a imagem do delegado Michelotto para várias pessoas influentes de Pinhais. “Fui procurada pelo advogado do Chab para envolver o delegado em acusações de extorsão e envolvimento com prostituição. Eu deveria entrar em contato com pessoas influentes de Pinhais para falar dele, gravar estas ligações e entregar ao Chab. Em troca, Chab investiria de R$ 100 a R$ 200 mil na minha campanha para vereadora em Pinhais”, relatou a acusada, durante a coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (30).

As acusações de Licélia levaram a polícia a solicitar mandado de busca e apreensão na residência de Ricardo Chab e também na Rádio Mais. Policiais do Cope cumpriram o mandado na residência do apresentador onde encontraram duas armas de fogo sem registro calibre 32 (uma delas americana) e 88 projéteis (50 mexicanos). Chab foi preso em flagrante. Eles ainda apreenderam um computador, disquetes, gravador digital, uma filmadora e um aparelho MP4. Policiais do Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce) cumpriram o mandado na sede da Rádio Mais e lá apreenderam um computador pessoal na sala do apresentador, três gravadores digitais, DVDs e CDs.

A delegada-chefe da Corregedoria da Polícia Civil, Charis Negrão Tonhozi, explicou que, a princípio, como já foi descartada a possibilidade de crime por parte de um policial civil, a investigação será repassada ao Departamento da Polícia que deverá designar um delegado especial para continuar as apurações.

PROTEÇÃO – Licélia Rodrigues da Cruz solicitará à Vara de Inquéritos Policiais e ao Ministério Público participação no Programa de Proteção a Testemunhas já que garante que ela e sua família correm risco de vida por terem denunciado a trama. Ela será indiciada por formação de quadrilha e receptação de carga.

A polícia está identificando outros interlocutores de conversas com Licélia que serão indiciados em inquérito policial. Chab deve ser indiciado por porte ilegal de arma e, de acordo com a polícia, poderá ser denunciado por fraude processual e coação no curso do processo. “A Adepol entrará ainda com uma ação cível indenizatória contra ele, para que que haja uma condenação, pois estamos presenciando uma situação de rara gravidade no meio policial”, disse o advogado da Associação dos Delegados de Polícia do Paraná (Adepol), Edson Abdala.

Fonte: Agência Estadual de Notícias






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